segunda-feira, 12 de setembro de 2011

11ª Romaria da Terra e das Águas reúne milhares de pessoas em Açailândia



Aproximadamente 10 mil pessoas se reuniram no último fim de semana no distrito de Pequiá, município de Açailândia (MA) para celebrar a 11ª Romaria da Terra e das Águas do Maranhão. O evento foi organizado pela Regional Nordeste 5 da CNBB (Maranhão) tendo como tema “Terra, água, direitos: resistir, defender, construir”, e como lema “Precisamos destruir as forças que destroem o planeta”(cf. Ap 11, 18 c).

Todas as 12 dioceses da Regional NE 5 enviaram representantes. A diocese de Brejo marcou presença no encontro com uma caravana de 68 pessoas.

A romaria foi um protesto contra o modelo de desenvolvimento que visa somente o lucro e não se preocupa com a qualidade de vida da população nem respeita o meio ambiente. Pequiá foi escolhido para sediar o evento justamente por ser um exemplo dessa realidade. Lá os moradores sofrem com a estrada de ferro da Vale e com a instalação de siderúrgicas, que poluem o ar e contaminam as águas, prejudicando o meio ambiente e a saúde da população.

Na noite de sábado (10/11), foi celebrada a Santa Missa, presidida por D. Gilberto Pastana, Bispo de Imperatriz, e concelebrada por outros oito bispos e mais de 70 padres ali presentes. Em seguida, houve a vigília, onde as dioceses, movimentos e pastorais realizaram manifestos e apresentações culturais enriquecendo e animando a noite. Também houve uma rifa com sorteio de vários prêmios como TV, computador, câmeras e 6 mil reais, dentre outros.

A Missa foi um dos momentos mais importantes da Romaria. Na homilia, D. Xavier Gilles, bispo emérito da diocese de Viana, fez uma homilia em defesa do povo desfavorecido do Maranhão e contra o agronegócio, que, na visão dele, expulsa os quilombolas, ribeirinhos, camponeses e índios das terras onde vivem. “É um povo que quer vida digna e direitos respeitados no mundo que nos foi dado pelo criador”, disse.

D. Xavier destacou a corrupção como raiz de todo sofrimento e destruição, ressaltando que o dinheiro compra os poderes constituídos em detrimento dos pobres e sofredores. Ele fez pontuações precisas que diferenciam o nosso Deus e o “deus dinheiro”. “O nosso Deus é o Deus do amor, o dinheiro é o deus do egoísmo e do ódio. O nosso Deus manda repartir, o dinheiro manda ajuntar. O nosso Deus quer irmãos, o dinheiro quer concorrentes e inimigos. O nosso Deus quer a paz, o dinheiro quer o conflito. O nosso Deus quer preservação, o dinheiro quer destruição. O nosso Deus quer o serviço, o dinheiro quer o poder. O nosso Deus quer vida, o dinheiro quer morte”, ressaltou.

No encerramento de sua homili, D. Xavier conclamou o povo a se unir e lutar pelos ideais cristãos. “Precisamos formar o grande exército do Senhor que se coloque em marcha na luta contra a idolatria do dinheiro para que sejamos vencedores, pois assim a nossa dignidade, os nossos direitos respeitados e a vida esteja em nós”, destacou.

As apresentações das dioceses, pastorais e movimentos animaram a noite de vigília. Músicas, danças, vídeos, dentre outras formas de manifestação deram tom à noite que ficou pequena para tanta critividade. A defesa da natureza, a luta dos povos tradicionais pela da terra e a violência no campo foram os temas mais abordados nas apresentações. A diocese de Pinheiro, por exemplo, fez um memorial com várias cruzes e velas, lembrando os trabalhadores mortos e os ameaçados de morte nos conflitos agrários. A pastoral da juventude levou um cartaz de manifestação contra o extermínio de jovens.

A diocese de Brejo apresentou um vídeo mostrando a devastação ambiental da região e as mobilizações que estão acontecendo em resposta a esses problemas. Também foi apresentada uma música alusiva à realidade ambiental da região e que também faz uma homenagem aos quarenta anos da diocese. A música foi composta pela bernardense Mazé Meireles.

Uma caminhada de aproximadamente 4 km encerrou a 11ª Romaria da Terra e das Águas. Os romeiros saíram às 6h da concentração até o povoado Pequiá de Baixo, local mais atingido pela poluição atmosférica e pela contaminação das águas. Na chegada, D. Gilberto Pastana leu uma carta que resumiu os objetivos da romaria. Ele se mostrou entusiasmado com a presença maciça das pessoas e confiante de que a romaria tenha servido para incentivar a luta em defesa da vida e dos direitos.

A romaria foi preparada durante um ano por uma equipe de trabalho da CNBB NE 5. Uma cartilha foi confeccionada e trabalhada por toda a Igreja do Maranhão nas diversas comunidades, movimentos e grupos.

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